A Cidade da Alegria – Dominique Lapierre

capa1Gostaria de sugerir a sua leitura.
“Ao longo de frequentes estadas em Calcutá tive a sorte de conhecer algumas pessoas excepcionais. Deram-me tanto e tiveram uma tal influência na minha vida que resolvi escrever uma história sobre as suas vidas numa espantosa região do mundo chamada a «Cidade da Alegria».
Esta história reporta-se a homens, mulheres e crianças que foram arrancados às suas casas pela natureza implacável e circunstâncias hostis e lançados para uma cidade cuja capacidade de hospitalidade ultrapassou o imaginável. Esta é uma história de como as pessoas, mau grado  inconcebíveis dificuldades, aprendem a sobreviver, a partilhar e a amar.
A minha história sobre a «Cidade da Alegria» baseia-se em três anos de uma prolongada investigação em Calcutá e em várias regiões de Bengala. Tive acesso a diários e correspondência pessoais e o grosso da minha investigação consistiu em mais de duzentos entrevistas pormenorizadas, conduzidas por meio de intérpretes em várias línguas, incluindo o hindi, bengali e urdu. Estas entrevistas, que transcrevi para inglês e francês, constituem a base dos diálogos e testemunhos deste livro.
Os protagonistas da «Cidade da Alegria» desejaram manter o anonimato. Mudei, assim, propositadamente as identidades de algumas personagens e  determinados locais. A história que vos conto mantém-se, no entanto, fiel às confidências que os habitantes da «Cidade da Alegria» partilharam comigo e ao espírito deste sítio invulgar.
Embora seja o produto de uma investigação alargada, este livro não tem o objectivo de referenciar a índia como um todo. Tenho um afecto enorme pela índia e grande admiração pela sua inteligência, empreendimentos e tenacidade quanto  a superar dificuldades. Conheço bem as suas virtudes, grandezas e diversidade. O leitor não deve tornar extensíveis ao país como um todo as impressões que aqui recolhe lig adas a um pequeno rincão do mesmo – uma pequena área de Calcutá chamada «Cidade da Alegria».”

8 Responses to A Cidade da Alegria – Dominique Lapierre

  1. Constantino Xavier diz:

    É verdade, um grande livro, uma perspectiva ocidental clássica sobre a Índia. Nunca tive o prazer de visitar Calcutá, mas dizem que é realmente diferente “very very special only”.
    De Lapierre, recomendei na aula passada também o seu livro sobre o desastre químico em Bôpal:
    Five Past Midnight in Bhopal

  2. Sérgio Mascarenhas diz:

    Só visitei Calcutá na fase final da minha permanência na Índia, tendo esperado anos por essa oportunidade. No entretando criei amizades com gente de lá, desde logo em Portugal, antes mesmo de ir para a Índia, com a Roopanjali Roy; em Deli a Antara Dev Sen, editora da excelente The Little Magazine (e, incidentalmente, filha de Amartya Sen); em Goa com os meus vizinhos Sudeep Chakravarti e Shyamalee Roy Chakravarti (as fate would have it, familiar da Roopanjali).
    Através deles chegou-me o eco antecipado da cultura e tradição urbana de Calcutá.

    Porém, suspeito que a Calcutá de hoje seja uma cidade muito diferente da de Lapierre. A cidade onde passei dois dias incompletos deixou-me várias impressões visuais e uma conversa muito interessante.

    As impressões visuais foram contrastantes. A imagem da cidade colonial decadente; os bairros incaracterísticos que a circundam (bairros à indiana que entre nós poderiam ser considerados subúrbios pobres a raiar o bairro da lata mas que são outra coisa alí na Índia); os novos bairros em construção para a classe média-alta com o seu novorriquismo sem mácula; enfim, as várias idades da Índia contemporânea.

    Os grandes parques relvados mas nestes sobretudo as estátuas. Calcutá, berço da contemporaneidade pictórica da Índia, do salto sem apoio para a modernidade, exprime o mais profundo academismo na expressão escultórica de matriz soviética. O aparente contraste mascara um percurso coerente. A escultura dos parques é filha dos arrojos pincelados por Tagore.

    A minha ida a Calcutá foi possibilitada pelo Consul-Honorário português, um empresário local. Subutilizadíssimo, um recurso completamente desperdiçado do nosso lado, diga-se de passagem.
    Preparei a visita enviando-lhe um exemplar de um livro publicado pela Marg com apoio da FO (colectânea de textos sobre a influência cultural portuguesa na Índia).
    Quando chegei a Calcutá fui levado ao escritório do cavalheiro para nos reunirmos pela primeira vez. A conversa foi mais ou menos assim:

    CH, pegando no livro da Marg: «Gostei imenso deste livro», enquanto o folheia.
    Eu: «Ah» (pensando, ele leu mesmo o livro, não se limitou a pô-lo na estante ou, no máximo, folheá-lo como outro empresário teria feito).
    CH: «Gostava de editar um livro semelhante mas com textos sobre Portugual e o Bengala».
    Eu: «Ah. Pode fazer-se…»
    CH: «Queria comprar outra cópia, pode dizer-me onde o posso fazer?»
    Eu reflicto que tenho umas quatro cópias na FO mas que são das que se guardam para oferecer a gente muito seleccionada: «Bem, o livro pode ser encomendado à Marg…»
    CH: «Já mandei ver e não foi possível. É que quero oferecer uma cópia ao Chief Minister, ele vai gostar muito do livro.»
    Eu: «Ah» (what, um Chief Minister que lê um livro destes em lugar de o dar ao secretário para o pôr na estante?) «devo ter uma´cópia lá na Delegação, teremos o maior gosto em lha enviar» como foi feito.
    Nunca, mas mesmo nunca, tive outro diálogo semelhante na Índia. Suspeito que em igualdade de circunstâncias não teria muitos diálogos destes em Portugal.

  3. ken5z9mana diz:

    A Antara Dev Sen só ‘incidentalmente’ é filha de Amartya Sen?? lol… dada a profissão dele, via-o mais económico nesse campo…

  4. alcipe diz:

    Dr Sérgio Mascarenhas:

    Porque é que diz que o cônsul de Calcutá “tem sido completamente desperdiçado do nosso lado”? Sabe tudo o que se passa na Índia desde que saíu de cá?

    Luís Filipe Castro Mendes

  5. Sérgio Mascarenhas diz:

    Caro Embaixador, tem toda a razão e as minhas desculpas. De facto não sei tudo o que se passa, longe disso. E sei por experiência própria que muita coisa pode estar a acontecer longe de parangonas e em processos que levam tempo a amadurecer.

    De qualquer forma não se esqueça que uma intervenção numa discussão é naturalmente superficial e redutora. Daí que eu tenha cometido outro lapso importante: a minha ida a Calcutá não foi possibilitada apenas pelo Consul-Honorário, deveu-se também, e muito, à sua intervenção e esforço pessoal no conjunto de eventos culturais realizados entre Embaixada, F.O. e, no caso de Calcutá, Consulado Honorário por ocasião da inauguração da presidência portuguesa da U.E.

    Em qualquer dos casos, fico feliz por o ver intervir neste blog e desejo vê-lo mais por aqui.

    Sérgio Mascarenhas

  6. alcipe diz:

    Muito bem, dou-me por satisfeito. Sinto-me bem no convívio do vosso blog, obrigado. Daqui para a frente a minha intervenção será tão só como “alcipe”.

    Luís Filipe Castro Mendes

  7. Amilcar de Neves diz:

    Bom dia!!!
    Queria saber se existe esse livro para venda e queria saber quanto custa?

    Atenciosamente,

    Amilcar

  8. ccunha diz:

    Bom dia,

    Tentei procurar nas livrarias e alfarrabistas e no encontrei. No entanto encontrei esta verso na net. Cumprimentos

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