Ainda relacionado com o debate sobre Goa, a edição de “Cartas de Cá” de hoje, no Público, de Paulo Varela Gomes, avança uma pista interessante:
Em relação aos portugueses, o desprezo, muitas vezes tingido de uma condescendência insultuosa, passou a ser acompanhado a partir de meados do século XVIII, na prosa do Norte, pelo racismo: a causa da decadência portuguesa era a mistura de raças. (…) Quando, nos anos de 1950 e 1960, os portugueses começaram a ficar convencidos de que essa sua diferença em relação aos do Norte era, afinal, uma coisa simpática, os académicos do Norte (e alguns dos nossos) vieram por aí abaixo dizer que não, que fomos afinal tão “brancos” como os outros brancos, tão colonialistas, tão brutais, e que inventámos o mito da nossa especificidade para disfarçar. (…) Dá portanto vontade de dizer: sim, somos pretos, e brancos, e indianos, e mestiços. É essa a nossa história e a nossa lenda.